A
seguir, e conforme prometemos, você confere a íntegra da entrevista
que a banda cedeu ao blog
Box Alternativo,
de Carlos A.
Desde já agradecemos ao Carlos
por liberar o material para que publicássemos aqui, ok?
Aí vai:
Entrevista
Inércia – Blog Box Alternativo
(publicada em 03/06/2013)
Tocar
em lugares distantes, com equipamento precário, passar noites em
claro, sem saber se onde você e sua banda vão tocar, terá uma
quantidade de público regular.Qual banda não passou por essas e
outras ditas "furadas", durante o percalço de sua
existência? Agora imagine uma banda que próximo a completar 16 anos
de existência,ainda tenha fôlego para subir num palco e mostrar ao
que veio ? O Inércia é uma dessas poucas bandas, que continua na
batalha, mostrando seu Punk/HC .Formada por João Luiz (vocal),Rafael
A. (guitarra),Fabiano Camelo (baixo) e Felipe Ninja (bateria)-este
último,o mais novo integrante-estão divulgando desde o ano
passado,a coletânea Manifesto, que reúne as 2 demos da banda.O Box
Alternativo foi conversar com a galera da banda ,e foi saber das
novidades,dentre elas um novo cd mais trabalhado.
COMO
VC DEFINE NESSES 15 ANOS NA CENA HARDCORE NACIONAL ?
João
Luiz: Quando o Inércia
foi montado em 1997 e surgiu fazendo shows em 1999, eu João, ainda
estava muito focado no HC/Punk da década de 80, e no final dos anos
90, não surgiu tanta banda que me empolgasse, muitas deixaram de
lado as letras de protesto e consciência, para só manter o som
agressivo. salvo as banda SP, que ainda mantinham essa linha, no
geral não se importavam tanto, então nós do Inércia, queríamos
resgatar isso, e inspirados em Cólera, Restos de Nada, Olho Seco e
Inocentes começamos o que outras bandas de SG pararam, bandas como
Perseguidor e Reforma Protestante, e fui me envolvendo mais, bandas
foram surgindo e fomos conhecendo as bandas cariocas melhor, que eram
solidárias nas letras de protesto, e bandas do Recife como Devotos
do Ódio, hoje só Devotos, bandas de Norte à Sul do Brasil, estavam
resgatando o Punk consciente, e isso empolga bastante, então apesar
dos altos e baixos o HC sempre se manteve onde sempre esteve, no
underground.
Rafael
A.: Considero o Inércia um nome
importante no cenário Punk Rock Fluminense. Entrei na banda fazem
poucos anos. Então, tive a oportunidade de ver shows, entrevistar os
caras pro fanzine e acompanhar boa parte da história da banda de
fora, como expectador. É bacana uma banda com essa longevidade no
cenário do Rio de Janeiro. Assim como outros nomes importantes:
Protesto Suburbano, Repressão Social, Lacrau, Kaos Urbano, enfim.
São bandas que, de alguma forma, acabam virando referência pelo
tempo de estrada. Quanto cenário de uma forma geral? O RJ sempre
teve um potencial incrível. Infelizmente, esse potencial nunca foi
explorado como, na minha opinião, deveria (ou poderia). De qualquer
forma, ainda vejo caminhos possíveis para a cena do RJ, sim. Tanto
pela galera das antigas, como citei, quanto pela novas gerações.
Apesar dos problemas, o cenário daqui conseguiu se renovar de alguma
forma e gente nova apareceu. Logo, é como se tivéssemos mais uma
chance de 'acertar os ponteiros'...
Fabiano:
No período de 15 anos aconteceram muitas coisas positivas e
produtivas para a cena Punk/HC. Boas bandas surgiram, bandas
renomadas do exterior aportaram em terras brasileiras com mais
frequência e o underground está mais "presente" na
interatividade entre bandas de estados diferentes... o Hardcore não
ficou em estado de Inércia..rsrsrs
Felipe
Ninja:
Em
quinze anos muita coisa mudou; a forma de protestar mudou, a forma
como conhecíamos as bandas e corríamos atras das novidades mudou. A
internet aproximou e afastou as pessoas ao mesmo tempo e a nossa cena
também sofreu suas mudanças. Apesar de hoje termos acesso mais
fácil a bandas novas, eu venho notando que infelizmente, muita gente
se acomodou e não sai mais para assistir os shows como ocorria
antigamente.
FALE
UM POUCO SOBRE A TRAJETÓRIA DO INÉRCIA ?
João
Luiz: No começo, eram Thiago
(batera), Homem de Pedra (baixo), veio o Miguel na guitarra e o vocal
ainda iria se firmar, pois eu entrei por último, mas fui quem acabou
se adaptando melhor ao material que eles já tinham, músicas
gravadas em violão e voz por Thiago, que fui escutando e adaptando
ao meu estilo de vocal.
Então,
começaram os primeiros ensaios, no 2º andar do prédio onde Thiago
morava, sempre por volta das 15h, isso uma vez por semana, e dali com
músicas já prontas, surgiam mais durante esses ensaios, onde
conseguimos montar um repertório e antes mesmo de fazermos um show,
resolvemos gravar as músicas, num CD e distribuir em K7, que se
chamou "Sem Futuro".
No
dia 19/01/1999, acontece o primeiro show num salão ao lado do
Colégio Castelo Branco em SG, antes da gente, lembro que se
apresentou uma banda fazendo covers de Garotos Podres e outras
bandas, empolgaram um pouco, e por volta de 21h a gente sobe ao
palco, só com a fitinha demo no currículo, fizemos um show
energizante, houve até uma galera gritando o nome da banda, cara
esse dia marcou!
Em
2001 o Thiago sai da banda, a gente chama o Charles (Fogo Fátuo)
para nos acompanhar, em alguns shows, depois vem uma boa fase com
Bozo (Lombrigas Cabeludas) na batera, mas não conseguimos gravar
nada novo até 2005, que na formação, eram Homem de Pedra, eu
Zuzinha e Mini Kurt, gravamos o CD demo "Sem preço para a
Liberdade!" e mais uma vez problemas surgem e essa formação se
desfaz em 2009, fazendo alguns shows esporádicos, retornamos mesmo
com força total em 2012, na formação certa, Rafael A. (guitarra)
Fabiano (baixo), eu vocal e Rodrigo (Michael J. Fox) na batera, mas
por força do trabalho este tem que sair, então um amigo da banda
Kaos Urbano, o Charuto, vem quebrar o galho e fica por um tempo, mas
devido a distância, o cara mora em Sepetiba, acabou saindo. E por
grande sorte, pois penamos pra achar um batera, surge o Felipe Ninja
quebrando tudo e melhorando em muito a performance da banda, já
pretendemos gravar algo novo,
Rafael
A.: Como
disse, tive a oportunidade de conhecer a banda há muito tempo. Mesmo
antes de fazer parte do Inércia já tinha a noção de que se
tratava de um nome querido pelo pessoal do cenário do Rio. Nos
últimos anos acabamos perdendo um pouco de tempo com troca de
bateras, gente que passou pela banda mas que não estava em sintonia
com o que queríamos fazer com o Inércia. Por outro lado, foi bom
ter tempo não só pra galera dessa formação se conhecer, mas
também para estruturar a coisa. Me refiro ao trabalho com redes
sociais, ter uma página onde o pessoal possa encontrar tudo
relacionado à banda, enfim. Apesar de ser um nome conhecido na cena
Punk do RJ, ainda faltava organizar toda essa parte de 'bastidores'.
E mesmo assim acho que fizemos coisas bem bacanas nessa fase mais
recente: o show de aniversário do ano passado no Metallica Pub foi
incrível, tocar com DZK, Protesto Suburbano e passar por lugares
como a Casa da Colina em São Pedro D`Aldeia/RJ foi importante pra
deixar claro que a banda estava viva!
Fabiano:
Eu estou na banda há pouco mais de um ano, mas conheço a banda
desde os primórdios e representou muito bem a vertente Punk Rock no
cenário Fluminense, apesar de sentir falta do shows dos caras em um
período da década passada.
Felipe
Ninja:
Acabei de chegar, mas sempre lembrava do Inércia como uma banda de
Punk Rock da minha cidade, antes mesmo de eu sequer sonhar com a
ideia de que eu um dia tocaria com eles. Conhecia de assistir show,
de tocar nos mesmos eventos de vez em quando (alguma edição do Cai
Torto? O mais provável) e hoje me vejo na banda.
E
O NOVO BATERA ? VOCÊS JÁ SE CONHECIAM ?
João
Luiz: Bom, eu já tinha visto o
Felipe em alguns shows, mas eu não o conhecia direito, depois do
primeiro ensaio, foi como já se conhecesse há muito tempo, confesso
que as bandas em que ele tocou, eu não cheguei a ver nenhum show,
mas o Rafael A. e o Fabiano já o conheciam, e com bom antecedentes o
resultado saiu melhor do que o esperado. Agora, é mantermos fixo o
ideal e seguir em frente fazendo o que a gente sabe fazer melhor.
Rafael
A.: Sim, de longa data! O Felipe
Ninja é das antigas. Lembro de dividir o palco com ele. Eu numa
antiga banda e ele com a banda Sem Nome, se não me engano... Nos
encontrávamos em shows lá pelos idos de 2000, 2002. Acabamos nos
reencontrando em outro projeto e, acho que no mesmo dia, já
estávamos falando sobre ele tocar no Inércia. Excelente baterista,
deu um gás e tanto pra gente. Fizemos uma primeira apresentação
com ele dia 25/05 no Rock na Garagem e o cara arrebentou! Todo mundo
que viu teve a mesma sensação que nós: que havíamos encontrado o
batera certo pra ficar na banda!
Fabiano:
Eu estudei na mesma escola do Felipe Ninja, mas nessa época eu nem
sabia tocar nada e também não sabia que ele tocava bateria.
Descobri que ele tocava bateria quando vi a apresentação da banda
de uns amigos, o extinto HidroCarboneto.
Felipe
Ninja:
Eu já conhecia o Fabiano por
termos estudado mais ou menos na mesma época no Henrique Laje e
também sempre esbarrava com ele nos shows e por causa dos amigos em
comum: ele tocando no Michael J Fox e eu no HidroCarboneto na época.
Fora as frequentes esbarradas em shows de Hardcore por aí... e o
mesmo com o Rafael, que eu conhecia já de vista da época do Nauzia.
João sempre foi a carta marcada do Inércia.
QUANTOS
CDS LANÇADOS ? E COLETÂNEAS ? FALE UM POUCO DE CADA UM.
João
Luiz: CDs oficiais são 2.
Coletâneas, a primeira foi Expresso HC vol 2, junto com o pessoal do
Protesto Suburbano, depois Punk RJ II, com várias bandas cariocas,
este foi produzido pelo Ivan do Sub-Atitude. As coletâneas Patch,
produzidas pelo Feira Moderna Zine e a mais recente foi a Old School
produzido pelo pessoal do Velho Rabugento. Também estamos em alguns
DVDs, que foram lançados na segunda fase da banda que são Noise
Fest em Itaboraí e um produzido pelo Billy do Regime Obrigatório,
chamado DVD Rio Punk.
Rafael
A.: A primeira demo é a “Sem
Futuro”, de 1998. Depois veio a “Sem Preço Para a Liberdade”,
de 2005. E, finalmente, ano passado durante o show de quinze anos
lançamos a coletânea “Manifesto”, que reúne as duas demos com
a música “Ódio” que não havia sido lançada em lugar nenhum.
Quanto a coletâneas, conforme o João colocou aí em cima, rolam
algumas por aí. Me arrisco a dizer que devemos estar em mais lugares
do que imaginamos, ainda mais com o advento das coletâneas virtuais,
enfim... Mas acho que as mais importantes são a “Punk RJ Vol.2”,
“Expresso HC” e a “Old School”, do selo Velho Rabugento
Records.
O
HARDCORE AINDA FAZ AS PESSOAS PENSAREM E AVALIAREM SOBRE A SITUAÇÃO
SÓCIO POLÍTICO DO PAÍS.AINDA É UMA FORMA DE PROTESTO MUSICAL ?
João
Luiz: Acho que sim, pois sempre
tenho visto rostos novos nos shows do Inércia, e de outras bandas
que fazem outro tipo de HC, mas tem letras conscientes e para o meio
underground, é sempre bom ver gente nova e enchendo os shows,
cantando junto, isso empolga e você vê que os jovens pensam a mesma
coisa, mas infelizmente somos só uma agulha cutucando a ferida do
gigante, precisamos mesmo é de uma espada para atravessar o coração
da corrupção neste país.
Rafael
A.: Creio que vá além disso. É
algo que muda não só sua relação com o Estado e a sociedade à
sua volta, mas muda sua relação consigo mesmo. O que Orwell e Kafka
fizeram comigo na minha adolescência não teria o peso que tem hoje
pra mim se não fossem nomes como Bad Religion, Plebe Rude, Cólera,
Dead Kennedys e outros. Através desses caras descobri uma forma de
externar muito do que os caras que eu lia me faziam refletir a
respeito. O Punk Rock, Hardcore ou seja lá o que for tem influência
direta e fundamental no cidadão que me tornei. Sendo assim, se
viraram minha vida e visão de mundo do avesso, tenho certeza que
podem continuar fazendo isso com a garotada mais nova. Influenciar,
mesmo que indiretamente, a sociedade e seus rumos é consequência do
que obras como a desses caras que citei, e outros, são capazes de
fazer na vida de cada um.
Fabiano:
Antigamente isso era mais intenso, mas com certeza o Hardcore sempre
será uma forma de protestar, expor as mazelas sociais e exclamar
alguma ideia em prol de uma sociedade mais digna.
Felipe
Ninja:
Sim, o Hardcore ainda faz,
assim como faz outras coisas também. Há muito tempo que o Hardcore
deixou de ser apenas uma forma de protesto ou de avaliação da nossa
situação politica e se tornou a forma como muita gente consegue se
expressar, falar do que se passa dentro da própria cabeça e do
coração... o Hardcore é um grito da alma, seja ele qual motivo
for.
E
COMO VOCÊ VÊ ESSE LANCE DE UMA BANDA PODER DIVULGAR SEU TRABALHO EM
REDES SOCIAIS, MP3, ETC ?ATÉ, ONDE ISSO CONTRIBUI OU NÃO PRÁ UMA
BANDA ?
João
Luiz: Acho ótimo, pois temos
que aproveitar a tecnologia para nos divulgarmos, senão seremos só
locais, e com essa facilidade melhora pra bandas em geral.
Rafael
A.: Acredito que essas novas
ferramentas são, sim, muito importantes (hoje em dia, fundamentais).
Obviamente, elas mudaram a relação do fã com a música e a arte em
geral. A galera mais nova não vê, ou se relaciona, com o trabalho
de uma banda independente, da mesma forma que nós, por exemplo, lá
nos anos noventa. Talvez pelo fato de ser mais simples ter acesso aos
materiais, ou porque as pessoas (e o mundo) realmente mudaram muito
de lá pra cá.
Seja
como for, creio que o impacto maior seja sentido a partir do momento
e que uma banda opta por um caminho mais profissional, digamos. Não
há mais como contar com venda de CD`s, demos, ou seja lá o que for.
Logo, outras formas de tornar o trabalho financeiramente viável tem
de ser pensadas. Por outro lado, é claro que substituir a velha e
demorada troca de correspondências, gravar k7`s pra trocar com gente
de outro canto do país e tudo o mais por um apertar de botão
facilita e muito as coisas...
Estava
pensando nisso por esses dias (com a idade a gente começa a pensar
em muita coisa...rsrsrsrs): pra garotada mais nova parece ser um
relação bem tranquila. Talvez nós, a galera mais cascuda é que
tenhamos de pensar um jeito de transmitir o sentimento e o carinho
que tínhamos pela música pra eles de uma outra forma. O adolescente
hoje dificilmente vai ter a mesma relação que nós com uma demo,
disco ou CD. Simplesmente porque ele não camuflou a grana em papel
carbono na carta, não esperou semanas, desistiu, escreveu de novo (e
de novo) pra, meses depois, receber uma demo ou fanzine em
casa...rsrsrs E isso é bem fácil de perceber. Fica claro que ainda
tem uma garotada tão tarada por música e cultura underground quanto
nós. Só a forma de lidar com isso que é bem diferente. Cabe a nós,
os mais 'coroas' pensarmos em mameiras de fazer com que alguns
valores não se percam.
E
que fique claro que não tenho a pretensão ensinar nada a ninguém.
É apenas a visão de um sujeito, como tantos por aí, que acompanha
e se envolve com o under há algum tempo.
Fabiano:
Isso é muito benéfico para as bandas e a cena. A internet
contribuiu muito para as bandas divulgarem seus trabalhos,
contactarem bandas de locais distantes, divulgar eventos. Por isso,
hoje é muito mais fácil montar uma banda, veicular zines, organizar
shows e até mesmo gravar os trabalhos em casa do que há 15 anos
atrás. Ainda assim a fitinha k7 e os zines enviados por cartas terão
seu valor, pelo menos para mim.
Felipe
Ninja:
Isso pode ser produtivo e positivo pra banda desde que seja feito da
forma certa. A música sendo lançada em redes sociais alcança um
publico muito grande e quanto mais pessoas ouvirem o seu material,
mais elas tendem a repassar a informação pra outras pessoas que
curtam o estilo que a banda toca.
ALGUMA
APRESENTAÇÃO DA BANDA EM ESPECIAL ?
João
Luiz: Pra mim foi o último show
com o Miguel, primeiro guitarra, no Cai Torto de 2004 em uma quadra
de futebol na Alzira Vargas (São Gonçalo/RJ), estava lotado o
batera foi o Charles de novo, o Bozo estava por lá e deu uma
palhinha arrasadora em "Nos Deixem em Paz", esse show ficou
marcado, também teve um festival em 2001 em Juiz de Fora/MG, logo
depois da apresentação do DZK e outro em Ouro Preto/MG, que depois
do show pessoas locais vieram me cumprimentar, então pra isso
marcou.
Rafael
A.: Eu acho que vou ter a mesma
resposta pra essa pergunta durante um bom tempo. Mas o show de quinze
anos, no Metallica Pub, foi sensacional. Conseguimos reunir vários
camaradas tocando junto com a gente, mostra de fanzines, exibição
de documentários, churrasco, ex integrantes participando do show e
um público que não víamos no Metallica Pub já fazia um bom tempo!
Lembro que só de bateristas, naquela noite, foram três!!! O Miguel,
primeiro guitarrista da banda, que tantas vezes eu fui assistir,
tocou com minha guitarra (grande honra!).. Amigos e galera cantando
as músicas da banda e agitando! E mesmo com um ou outro contratempo:
Foi incrível!
Fabiano:
Desde que eu entrei na banda destaco o show na Comunidade S8, Som do
Vale (valeu pela oportunidade, Ayrton!!) e um dos shows no Metallica
Pub (se não me engano foi a não comemoração do aniversário do
Rafael A...rsrsrs)
FORA
O INÉRCIA, VOCÊ AINDA TRABALHA COM ZINE,SELO,BLOG E PRODUTORA. DÁ
PRÁ CONCILIAR TUDO ISSO ?
Rafael
A.: Cara, sem maiores problemas.
Quando ouço coisas do tipo “... você tem que ter tempo pra você”,
me assusto. Pra mim é muito óbvio e claro que quando estou
envolvido com o meio underground, cuidando do FMZ, cobrindo shows,
montando banquinha nos eventos, produzindo shows, tocando,
escrevendo, enfim, esse é o tal tempo pra mim. É a forma como me
afirmo enquanto indivíduo, cidadão, minha contribuição para a
sociedade, meu grito de revolta, minha luta... Não consigo me
imaginar sendo mais útil que envolvido com o cenário
independente... Absolutamente para todos os projetos que você citou,
há planos de melhorar, fazer mais. Nem sempre as coisas acontecem na
velocidade que gostaríamos. Mas uma hora rola. O grande lance é não
parar. Não rolou aqui, faz ali e por aí vai. De qualquer forma,
considero a música e a arte de uma maneira geral a mais importante
ferramenta para se promover mudanças (ao menos a única em que ainda
acredito), logo, pra mim é um prazer poder estar envolvido com tudo
isso. Não sinto como se fosse algo desgastante nem nada parecido. É
exatamente a vida e a causa que escolhi, definitivamente.
E
COMO É O PÚBLICO DA BANDA ?
João
Luiz: Entre Punks e Hardcores,
quem curte som pesado, agressivo, quem é consciente sobre os temas
em que abordamos, até o pessoal que curte som alternativo estão
entre nossos amigos e admiradores da banda, então resumindo um
público bem abrangente.
Rafael
A.: Já eu não sei te
responder...rsrsrs Tem a galera Punk sim, claro. Mas hoje em dia,
mesmo o cenário Punk mudou bastante. Curto quando vejo galera mais
nova se amarrando no show da gente! De qualquer forma, no que
depender de mim tocamos pra absolutamente todo tipo de público. Me
interessa fazer barulho, sentir essa troca que é tocar e ver a
galera agitando, pogando, gritando junto contigo. Que tipo de pessoa
que vai estar ali? Não faz diferença alguma pra mim. Se é Punk,
Hardcore, Headbanger, cristão, ateu, gente 'normal'...rsrsrsrs
Fabiano:
A galera das antigas sempre marca uma presença nos shows e no
decorrer dos anos novas amizades surgiram e também nos prestigiam!
PLANOS
PARA O FUTURO DO INÉRCIA ?
João
Luiz: Ensaiar bastante com o
novo batera, até estarmos prontos para gravar material novo e
regravar coisas antigas, em que a gravação ficou deteriorada com o
tempo. Então, sim poder lançar novo CD.
Rafael
A.: Particularmente, estou com a
cabeça no show de dezesseis anos da banda. Já concluímos que a
data merece algo especial. O de quinze anos foi muito bacana, logo,
vamos ter de nos esforçar pra fazer algo ainda melhor, né? Queria
muito algo que envolva não só as bandas de amigos que tem dividido
o palco conosco, mas as diversas manifestações artísticas comuns
ao meio underground. Mostra de fanzines, enfim, temos até outubro
pra fazer o melhor que conseguirmos. E tem a necessidade de gravar
material novo, colocada pelo João. Já éramos pra ter feito isso
faz tempo, mas as constantes trocas de baterista acabaram impedindo a
coisa de acontecer. Agora, com o Felipe Ninja, a coisa tem tudo pra
rolar sem maiores problemas. Estou bastante ansioso pra colocar tudo
isso em prática!
Fabiano:
Compor novas músicas, gravar algumas e tocar em lugares fora do eixo
Niterói- São Gonçalo.
Felipe
Ninja:
Pretendemos gravar, temos
toda a intenção de apresentar material novo e mostrar que acima de
tudo, o Punk está vivo e muitíssimo bem obrigado e nós pretendemos
manter dessa forma.
SÃO
GONÇALO AINDA TEM MUITO A OFERECER NA CENA MUSICAL ?
João
Luiz: Certamente! Enquanto
houver espaço como o Metallica Pub, que em conversa com o Rafael
chegamos à conclusão de que é o nosso CBGB. Temos estado lá todos
os meses, então por nós mesmos, mantemos a cena de SG, trazendo
bandas de vários lugares do estado e até de fora.
Rafael
A.: Muito! A cidade sempre foi
um autêntico celeiro de bandas undergrounds. Em meados dos anos
noventa havia muita coisa acontecendo aqui. O começo dos anos 2000
também foi bom, mas com o passar do tempo a coisa desandou. Algumas
coisas ainda aconteciam, ok. Mas, no meu entender, de forma
equivocada, muito atabalhoada e sem planejamento num nível mais
amplo. O cenário estagnou, a galera sumiu, shows vazios, enfim. Do
ano passado pra cá nossa 'São Gonça Rock City' tem dado mostras de
que pode (e vai) melhorar. Tem uma garotada boa, gente das antigas e
gente nova fazendo barulho. Bandas saindo pra tocar em outros
municípios, shows locais com uma frequência bacana. De alguma
forma, acho que a galera daqui está voltando a entender que todos
fazem parte do cenário. Do cara que cede o espaço pro show, ao cara
que organiza, passando por quem simplesmente vai pra prestigiar,
comprar um CD, uma camisa. Quem dedica tempo a escrever sobre o que
rola, ou mesmo compartilhando fotos dos shows e flyers em redes
sociais... Tudo e todos são fundamentais. Se qualquer um desses
elementos que citei não existirem, a coisa não funciona. Bandas
como a Join the Dance, Manifast, SIC, Ematoma, o pessoal de eventos
como o festival Cai Torto que retomou atividades recentemente,
Metallica Pub, enfim! Todos que dedicam um pouquinho que seja do seu
tempo ao meio underground são importantíssimos nesse trabalho de
reestruturação do cenário gonçalense que vem sendo feito. E,
creio eu, vem muito mais por aí. Vamos trabalhar por isso!
Fabiano:
Já esteve melhor, mas ainda tem
uma galera que batalha com afinco e dedicação para sustentar a cena
organizando shows e também pessoas que conseguem sustentar locais
para a realização de shows!
Felipe
Ninja:
São Gonçalo e Niterói
sempre tiveram muita coisa a oferecer na cena musical; daqui surgem
muitas bandas boas, muita gente talentosa e brilhante já surgiu
daqui e se tivéssemos que listar todo mundo, perderíamos um bom
tempo fazendo isso, se estamos considerando a cena musical de uma
forma geral.
...
João
Luiz: Bom, é isso! Quero
agradecer a oportunidade e mandar um abraço a todos os amigos e fãs
do Inércia, estamos chegando aos 16 anos e sem toda essa gente que
participou, tanto ativamente com a banda e como público, sem isso
não teríamos disposição para continuar, portanto agradeço a cena
Punk/Underground em geral. Valeu!!!!
Rafael
A.: Muito obrigado pelo espaço
Carlos. Te esperamos de volta a São Gonçalo ou a qualquer show onde
o Inércia for fazer um som pra tomarmos aquela nossa cerveja!
Abração meu camarada!
por:
Carlos A.
foto: Latitude Zero Prod.
Confira a entrevista no Box Alternativo.

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